Caminho das Pedras I
Vivendo
Recordando
Renovando as vivências relembradas
Acordada
Dormindo na realidade
Sonhando com os olhos de dentro cerrados
Esperando meu despertar
Meu retorno ao meu cerrado
Mata torta como eu
Retorcida, contorcida
Resistente e bailada
Resiliente e queimada
Fênix goiana
Desperta em chamas
Vaporizando as efemeridades
Passando pelas idades
O novo
O velho
O mesmo
22/10/2013
Caminho das Pedras II
Eu e eu mesma
Refletida nos olhos que me vêem
Despertando na minha essência
Entendendo a minha ausência
Duvidando do que conheço
Reconheço
Que ainda sou uma criança
Quero correr
Sendo que ainda não aprendi a caminhar
Eu pulso viva
A cada respiro, um novo sopro de vida
Sei que sou muito mais do que
O que mostro, o que escondo
Sou forte,
Pequena
Semente vagando ao vento
Que não pousa
Que não pousa
26/10/2013
Caminho das Pedras III
Quando finalmente comecei a viver
Já estava na hora de começar a morrer
No instante mais vívido da minha existência
Me deparo com a morte
Sou eu mesma mensageira
Como cuido do meu ser terreno
Ceifadora, uma mulher pequena
Cabe tanto em mim a fúria
Que qualquer resquício de amor me deixa plena
Agora, encontrei-me com a verdade
A minha realidade
Que me satisfaz somente
Amar, cuidar, carinhar
Só assim encontro minha paz
Não necessito ser carinhada de volta
Mas como uma planta regada
O carinho me deixa vigorosa
Cheia de flores, nenhuma murcha
Porém, sem carícias, ainda tenho galhos fortes
Folhas verdejantes
Se espreguiçando rumo ao sol
Sou
Presente
Sou presente de Deus a mim
06/11/2013
Caminho das Pedras IV
Sólida como uma rocha em meu momento
Em meu movimento
Inerte,
Mas não estática
Progredindo gradativamente a minha cristalização
Graduando progressivamente a minha condição
Mudando
Sem que possa perceber a visão
silenciosa, porém repleta de informação
Sou firme, sou dura
Às vezes dura demais, pareço inquebrável
Mas pelas minhas fraturas e falhas,
Posso me esfarelar -
Areia pura
À mercê de qualquer vento que sopre
Ou de enxurradas repentinas
Que me carrearão para rios e mares
E enfim, um dia
Ao sol interno da nossa Terra
Do meu coração
Um brilho vermelho de sangue
Que aquece e anima
Flui por mim como eu ao mar
Como a fumaça ao céu intocável
Como a sabedoria
A mim
11/11/2013
Caminho das Pedras V
Alegria eufórica,
Tristeza inconsolável...
Onda estará o caminho do meio?
Onde me encontro em meu núcleo?
Ou será que me perco?
Parada, sem sair do meu meio
Remexendo as caldeiras do passado frio
Abrindo fervura para transbordar meu imo
Separar a mata, o joio do trigo
Encerrada em meu universo
Lembranças que assombram, eu grito
Eu falo ao vento
Palavras que quebram os galhos, despenco
Eu tento, eu tento, eu tento
Os bichos me encontram, me cercam
Não tenho medo
Me encostam borboletas
Macacos e suas caretas
Me acordam com gritos e sorrisos
Beija-flor que me visita
Sopra em minhas bochechas com suas asas-coração
Sem nunca entoar um canção melódica
Calma esporádica
Até serem digeridas por saliva as pedras
Fundidas no magma das minhas entranhas
Metassomatizar as sombras, o fogo e os fluidos
Resfriar meus suores
Cristalizar meu profundo
Evoluir a um magma félsico, cristalino
Flotar, flutuar até a volatilidade
Ascender aos céus
Onde o breu e a luz convivem
Se complementam
Se harmonizam
24/11/2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário