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sábado, 12 de abril de 2014

Caminho das Pedras I

Vivendo
Recordando
Renovando as vivências relembradas

Acordada
Dormindo na realidade
Sonhando com os olhos de dentro cerrados
Esperando meu despertar
Meu retorno ao meu cerrado
Mata torta como eu
Retorcida, contorcida
Resistente e bailada
Resiliente e queimada
Fênix goiana
Desperta em chamas
Vaporizando as efemeridades
Passando pelas idades
O novo
O velho
O mesmo

22/10/2013


Caminho das Pedras II

Eu e eu mesma
Refletida nos olhos que me vêem
Despertando na minha essência
Entendendo a minha ausência
Duvidando do que conheço

Reconheço
Que ainda sou uma criança
Quero correr
Sendo que ainda não aprendi a caminhar

Eu pulso viva
A cada respiro, um novo sopro de vida
Sei que sou muito mais do que
O que mostro, o que escondo
Sou forte,
Pequena
Semente vagando ao vento
Que não pousa
Que não pousa

26/10/2013



Caminho das Pedras III

Quando finalmente comecei a viver
Já estava na hora de começar a morrer
No instante mais vívido da minha existência
Me deparo com a morte
Sou eu mesma mensageira

Como cuido do meu ser terreno
Ceifadora, uma mulher pequena
Cabe tanto em mim a fúria
Que qualquer resquício de amor me deixa plena
Agora, encontrei-me com a verdade
A minha realidade
Que me satisfaz somente
Amar, cuidar, carinhar
Só assim encontro minha paz
Não necessito ser carinhada de volta
Mas como uma planta regada
O carinho me deixa vigorosa
Cheia de flores, nenhuma murcha
Porém, sem carícias, ainda tenho galhos fortes
Folhas verdejantes
Se espreguiçando rumo ao sol
Sou
Presente
Sou presente de Deus a mim

06/11/2013



Caminho das Pedras IV

Sólida como uma rocha em meu momento
Em meu movimento
Inerte,
Mas não estática
Progredindo gradativamente a minha cristalização
Graduando progressivamente a minha condição
Mudando
Sem que possa perceber a visão
silenciosa, porém repleta de informação

Sou firme, sou dura
Às vezes dura demais, pareço inquebrável
Mas pelas minhas fraturas e falhas,
Posso me esfarelar -
Areia pura
À mercê de qualquer vento que sopre
Ou de enxurradas repentinas
Que me carrearão para rios e mares
E enfim, um dia
Ao sol interno da nossa Terra
Do meu coração
Um brilho vermelho de sangue
Que aquece e anima
Flui por mim como eu ao mar
Como a fumaça ao céu intocável
Como a sabedoria
A mim

11/11/2013



Caminho das Pedras V

Alegria eufórica,
Tristeza inconsolável...
Onda estará o caminho do meio?
Onde me encontro em meu núcleo?
Ou será que me perco?

Parada, sem sair do meu meio
Remexendo as caldeiras do passado frio
Abrindo fervura para transbordar meu imo
Separar a mata, o joio do trigo

Encerrada em meu universo
Lembranças que assombram, eu grito
Eu falo ao vento
Palavras que quebram os galhos, despenco
Eu tento, eu tento, eu tento

Os bichos me encontram, me cercam
Não tenho medo
Me encostam borboletas
Macacos e suas caretas
Me acordam com gritos e sorrisos
Beija-flor que me visita
Sopra em minhas bochechas com suas asas-coração
Sem nunca entoar um canção melódica
Calma esporádica
Até serem digeridas por saliva as pedras
Fundidas no magma das minhas entranhas
Metassomatizar as sombras, o fogo e os fluidos
Resfriar meus suores
Cristalizar meu profundo
Evoluir a um magma félsico, cristalino
Flotar, flutuar até a volatilidade
Ascender aos céus
Onde o breu e a luz convivem
Se complementam
Se harmonizam

24/11/2013


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Série Andrômeda

Fonte da imagem: Nasa

Andrômeda (I)

Nuvens nebulosas surgem em meio ao breu completo
Difundindo-se em convexão
Espiralando-se ao seu próprio redor
Até que a dança resulte em explosão
O acendimento das estrelas
Em meio a tanta escuridão elementar
Florida como a argyreia
Diluída como um punhado de ar

As estrelas adensam a matéria
Que apesar de distante
Exerce desnorteadora força gravitacional
Seu campo eletromagnético se expande
Jatos de radiação gamma e neutronianas
Intensidade pura
Estonteante selvageria
Serenidade obscura

Sobre seu fundo betuminoso
A nucleossíntese, em contraste, é adiamantada
Elemento incompatível, terra rara
Formam os cristais excêntricos e preciosos
Que se espalham pelo universo
Atraem a ti galáxias inteiras
Sempre a te complementar
Implosão que deforma a forma antiga
Não há vermelho, apenas negro
Novas estrelas, um novo luar

26/10/2012

Andrômeda (II)

Mais que um mar
Contém interminável imensidão
Núcleo denso, irradiando energia a distâncias longínquas
Sua força gravitacional me impulsiona a si,
Via Láctea, pequenina
Me magnetiza, deformando minha configuração
Em um bailado espiralado que acelera a rotação
Dúctil me tornarei
Suave me entregarei
Luminosa será nossa fusão
Auroras novas, alveza indomável
Um mar etéreo e fluido
Volátil, porém coeso
Reações iminentes estelares espetaculares
Serpenteio, leitosa, entre o negro azulado
Em direção ao seu giro, para entrelaçar-me
Entre seus negros raios
Preencher com ainda mais brilho
A escuridão traçada pelo contorno das estrelas
Espiralar meus braços em seus poros gasosos
Orbitarei seus sóis, encherei de luas seus planetas
Meteoros formarão as estrelas cadentes de teus céus
Acalmará tudo em estrelas
Haverá novas explosões?
Terminará tudo em um buraco negro
Transportando cada gota adiamantada
A novas dimensões?

28/10/2012


Andrômeda (III)

Cavaleiro do cometa de negra cauda
Olhos extraterrenos, secretos como o espaço
Objetos celestes espalhados
De tantos, seu brilho se torna difuso
Tantas luminosas estrelas
Um corpo leitoso, com tons de ausência
Do que era antes
Do que não se altera
Inquietamente, quase revoltante
É saber que o que agrega tanta luz
As espiralando no bailado cósmico das massas que nunca se encostam
É o que abriga em seu núcleo
Exótico buraco negro
Ralo intrépido que recebe tudo que lhe oferecem
Homogeneizando os fluidos e maciços
Liberando sua luz
Quasars implosivos em mais densa escuridão
Estrela colossal, galáxia inteira que engole a pobre Via Láctea
Cometa irradiante de brilho obscuro, cristalizado, de tons azuis
Constelação amedrontadora porém feita de brilhantes
Injeta-me os gotejos das lágrimas
A fumaça facilmente rarefeita
Complementa o brilho das minhas estrelas
Pedaço de mim distante, revelador
Anos-luz, milhões, meu destino

28/10/2012


Andrômeda (IV)

Rapidamente,
Após absorvida à sua esfera de influência,
Os astros se deslocam
Tudo começa a espiralar
Estou sendo drenada por um ralo cósmico
Estou sendo arremessada dentro de um tornado negro?
Seus olhos contêm doces jabuticabas
Ou são enormes buracos negros
Que orbitam minh´alma?
Estou me desfazendo
Será da entrega
Ou força atracional?
Acabarei aonde, um corpo celeste, denso e frio
Ou cada parte de mim será reaproveitada?
Descartada após consumidos os elementos primitivos
Não há mais Via Láctea
Apenas espaço vazio
Preenchido com gases primordiais
Elementos cada vez mais pesados
Adensamento, movimento letárgico
Tudo orbita em torno do negro

01/11/2012


Andrômeda (V)


Galáxia a qual me espiralo
Entregue a minha própria natureza -
Amar o turvo, o obscuro
Mistérios que não enxergo

Entre os pelos negros como o do labrador
Em seus olhos extintos há labradorescência
O brilho estelar entre o breu galático
O calor da nucleossíntese em seu olhar
Poeira cósmica espalhada por seu pálido corpo
Facilmente colorível pelas marcas do amor

Ao cavalgar esse cometa cor-de-hematita
Sua negra crina entrelaça-me, amarra-me!
Espiralo novamente, sem palavras
Sentindo a radiação quente de seu olhar
Seus corpos celestes penetrando meus vazios
Até fundirmos em uma só galáxia:
Andrômeda-Via Láctea
Sem nunca mesmo se encostarem...

13/11/2012

Andrômeda (VI)

O que parece ser espaço vazio
É matéria negra
Obscura, me empuxa
Como a maré às ondas

A Via Láctea nunca se fundirá a ti
Será sugada por um ralo impiedoso
Transfigurada
Sem nunca tocar seu torturador -
Buraco negro, constantemente inchando
Se encherá de luz, sem vida, insuportável

As nuvens alquímicas, mágicas
Tão corrosivas quanto ácidos
Tão alucinantes quanto a ilusória realidade
E a Via Láctea -
Um pequeno rastro leitoso no céu -
Será apagada como que por uma borracha
Jamais será redesenhada
Pulverizada será
De volta a sua forma
Reagente estelar

18/11/2012


Andrômeda (VII)

Acabou
A reação terminou da forma que foi prevista
Reagente incompletos, produtos parciais
A ilusão de um dia encostarem-se
Andrômeda e Via Láctea
Acabou
Nunca foi, nunca seria
O passado das estrelas nos permite traçar seu trajeto
Luzes já extintas no universo
Que ainda são enxergadas
Brilhos falsos, ludibriantes
Enquanto o denso, a matéria escura
Permanece invisível às esferas planetárias
Emissões nucleares, no entanto
São percebidas e captadas
Alterando todo seu raio de influência
Captadas pelos mais sensíveis instrumentos de natureza eletromagnética
O núcleo, a vastidão

As enganações mascaradas pelo breu
O descontrole no emaranhar das órbitas
Resiliente Via Láctea que em seu silêncio e luminescer cândido
Não se perdeu em um buraco negro, traiçoeiro
Mas absorveu as emanações e permitiu-se mutar
Um corpo cosmológico concentrado, adensado
Mas preparado para possíveis implosões

O espaço-tempo, em seu plano cartesiano
Prevê e vê ao mesmo tempo
Os limites, as retas, as curvas
Desloco-me de meu ponto por um instante
Encontro-me no espaço
Andrômeda e Via Láctea intersectam suas esferas de influência
Andrômeda sempre negra e obscura
Obstruída por nuvens de poeira
Via Láctea permanecerá clara e alva, rastro branco sutil que cruza céus negros com seu braço por um instante da noite

Ofereço-te, Andrômeda, amor sem fim
Sem início, sem começo
És pedaço de mim
Somos poeira cósmica
Manifestações elementais da consciência primordial
Não tenho bombas atômicas de aniquilamento e destruição
Tenho sim, explosões estelares de iluminação
Semear as galáxias, pitá-las com astros celestes
Andrômeda não escolhe que corpos atrai
Via Láctea só segue seu destino
Agregar sempre novas estrelas
Espalhar poeira cósmica
Crescer, crescer
Fundir, sumir...

06/02/2013



sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Seres Azuis

Seres Azuis I

As folhas constantemente em movimento
(E que movimento belo)
A borboleta azul me acompanhando a todo momento
As folhas borboletando ao vento
Borboleta azul, destemida
Banha-se na queda d´água
Atravessa a cachoeira
Convida-me
"Adentre o mundo da borboletagem,
Sem medo
De que a água lhe enxurre ao fundo.
Como tu quando chegaste
Estou completamente só
Como o pássaro que te acompanhaste
Em um instante de solidão"
Estando todos sós
Pelo menos nisto estamos juntos
Folhas e borboletas se confundem soltas aos ventos
Tão graciosas
Tão simples
Flores se confundem com beijos avermelhados
Lábios carnudos
Em pétalas tão finas
Cores vibrantes, plantas vivas
Plantas-bichos
Hora a folha amarelo-vibrante se ajeita sensivelmente pelo ar
Hora, da mesma cor, a borboleta passa a gracejar
Hora, o verde louro vira folha nas pedras da cachoeira
Hora, como um alva pena, uma semente vaga para repousar na água
Hora eu sou gente, hora eu sou bicho
Hora, 
Eu não sou mais nada

03/10/2013

Seres Azuis II

Palavras não faladas
Sons
Apenas  borbulhar da água
Cantos, somente da mata
A libélula -
Hora como eu, parada
Contemplando o rio
Nada mais
Hora voando em pares
Criando formas no espaço aéreo
Desenhos que tatuam o ar
E novamente retorna a mirar as águas inquietas
Os passarinhos, nos olhamos
Coexistimos

Retorna a borboleta safira
Que aqui primeiro me recebeu
Sou eu, ela, a libélula
Até mesmo o passarinho
Que me abanou com suas asas que cortavam o ar
Seres azuis
Seres das matas ciliares
Azul que emana desse verde
Desse cinza, marrom e amarelo
Dar
Receber
Emanar
Ser