Difundindo-se em convexão
Espiralando-se ao seu próprio redor
Até que a dança resulte em explosão
O acendimento das estrelas
Em meio a tanta escuridão elementar
Florida como a argyreia
Diluída como um punhado de ar
As estrelas adensam a matéria
Que apesar de distante
Exerce desnorteadora força gravitacional
Seu campo eletromagnético se expande
Jatos de radiação gamma e neutronianas
Intensidade pura
Estonteante selvageria
Serenidade obscura
Sobre seu fundo betuminoso
A nucleossíntese, em contraste, é adiamantada
Elemento incompatível, terra rara
Formam os cristais excêntricos e preciosos
Que se espalham pelo universo
Atraem a ti galáxias inteiras
Sempre a te complementar
Implosão que deforma a forma antiga
Não há vermelho, apenas negro
Novas estrelas, um novo luar
26/10/2012
Que apesar de distante
Exerce desnorteadora força gravitacional
Seu campo eletromagnético se expande
Jatos de radiação gamma e neutronianas
Intensidade pura
Estonteante selvageria
Serenidade obscura
Sobre seu fundo betuminoso
A nucleossíntese, em contraste, é adiamantada
Elemento incompatível, terra rara
Formam os cristais excêntricos e preciosos
Que se espalham pelo universo
Atraem a ti galáxias inteiras
Sempre a te complementar
Implosão que deforma a forma antiga
Não há vermelho, apenas negro
Novas estrelas, um novo luar
26/10/2012
Andrômeda (II)
Mais que um mar
Contém interminável imensidãoNúcleo denso, irradiando energia a distâncias longínquas
Sua força gravitacional me impulsiona a si,
Via Láctea, pequenina
Me magnetiza, deformando minha configuração
Em um bailado espiralado que acelera a rotação
Dúctil me tornarei
Suave me entregarei
Luminosa será nossa fusão
Auroras novas, alveza indomável
Um mar etéreo e fluido
Volátil, porém coeso
Reações iminentes estelares espetaculares
Serpenteio, leitosa, entre o negro azulado
Em direção ao seu giro, para entrelaçar-me
Entre seus negros raios
Preencher com ainda mais brilho
A escuridão traçada pelo contorno das estrelas
Espiralar meus braços em seus poros gasosos
Orbitarei seus sóis, encherei de luas seus planetas
Meteoros formarão as estrelas cadentes de teus céus
Acalmará tudo em estrelas
Haverá novas explosões?
Terminará tudo em um buraco negro
Transportando cada gota adiamantada
A novas dimensões?
28/10/2012
Andrômeda (III)
Olhos extraterrenos, secretos como o espaço
Objetos celestes espalhados
De tantos, seu brilho se torna difuso
Tantas luminosas estrelas
Um corpo leitoso, com tons de ausência
Do que era antes
Do que não se altera
Inquietamente, quase revoltante
É saber que o que agrega tanta luz
As espiralando no bailado cósmico das massas que nunca se encostam
É o que abriga em seu núcleo
Exótico buraco negro
Ralo intrépido que recebe tudo que lhe oferecem
Homogeneizando os fluidos e maciços
Liberando sua luz
Quasars implosivos em mais densa escuridão
Estrela colossal, galáxia inteira que engole a pobre Via Láctea
Cometa irradiante de brilho obscuro, cristalizado, de tons azuis
Constelação amedrontadora porém feita de brilhantes
Injeta-me os gotejos das lágrimas
A fumaça facilmente rarefeita
Complementa o brilho das minhas estrelas
Pedaço de mim distante, revelador
Anos-luz, milhões, meu destino
28/10/2012
Andrômeda (IV)
Após absorvida à sua esfera de influência,
Os astros se deslocam
Tudo começa a espiralar
Estou sendo drenada por um ralo cósmico
Estou sendo arremessada dentro de um tornado negro?
Seus olhos contêm doces jabuticabas
Ou são enormes buracos negros
Que orbitam minh´alma?
Estou me desfazendo
Será da entrega
Ou força atracional?
Acabarei aonde, um corpo celeste, denso e frio
Ou cada parte de mim será reaproveitada?
Descartada após consumidos os elementos primitivos
Não há mais Via Láctea
Apenas espaço vazio
Preenchido com gases primordiais
Elementos cada vez mais pesados
Adensamento, movimento letárgico
Tudo orbita em torno do negro
01/11/2012
Andrômeda (V)
Galáxia a qual me espiralo
Entregue a minha própria natureza -
Amar o turvo, o obscuro
Mistérios que não enxergo
Entre os pelos negros como o do labrador
Em seus olhos extintos há labradorescência
O brilho estelar entre o breu galático
O calor da nucleossíntese em seu olhar
Poeira cósmica espalhada por seu pálido corpo
Facilmente colorível pelas marcas do amor
Ao cavalgar esse cometa cor-de-hematita
Sua negra crina entrelaça-me, amarra-me!
Espiralo novamente, sem palavras
Sentindo a radiação quente de seu olhar
Seus corpos celestes penetrando meus vazios
Até fundirmos em uma só galáxia:
Andrômeda-Via Láctea
Sem nunca mesmo se encostarem...
13/11/2012
Andrômeda (VI)
É matéria negra
Obscura, me empuxa
Como a maré às ondas
A Via Láctea nunca se fundirá a ti
Será sugada por um ralo impiedoso
Transfigurada
Sem nunca tocar seu torturador -
Buraco negro, constantemente inchando
Se encherá de luz, sem vida, insuportável
As nuvens alquímicas, mágicas
Tão corrosivas quanto ácidos
Tão alucinantes quanto a ilusória realidade
E a Via Láctea -
Um pequeno rastro leitoso no céu -
Será apagada como que por uma borracha
Jamais será redesenhada
Pulverizada será
De volta a sua forma
Reagente estelar
18/11/2012
Andrômeda (VII)
A reação terminou da forma que foi prevista
Reagente incompletos, produtos parciais
A ilusão de um dia encostarem-se
Andrômeda e Via Láctea
Acabou
Nunca foi, nunca seria
O passado das estrelas nos permite traçar seu trajeto
Luzes já extintas no universo
Que ainda são enxergadas
Brilhos falsos, ludibriantes
Enquanto o denso, a matéria escura
Permanece invisível às esferas planetárias
Emissões nucleares, no entanto
São percebidas e captadas
Alterando todo seu raio de influência
Captadas pelos mais sensíveis instrumentos de natureza eletromagnética
O núcleo, a vastidão
As enganações mascaradas pelo breu
O descontrole no emaranhar das órbitas
Resiliente Via Láctea que em seu silêncio e luminescer cândido
Não se perdeu em um buraco negro, traiçoeiro
Mas absorveu as emanações e permitiu-se mutar
Um corpo cosmológico concentrado, adensado
Mas preparado para possíveis implosões
O espaço-tempo, em seu plano cartesiano
Prevê e vê ao mesmo tempo
Os limites, as retas, as curvas
Desloco-me de meu ponto por um instante
Encontro-me no espaço
Andrômeda e Via Láctea intersectam suas esferas de influência
Andrômeda sempre negra e obscura
Obstruída por nuvens de poeira
Via Láctea permanecerá clara e alva, rastro branco sutil que cruza céus negros com seu braço por um instante da noite
Ofereço-te, Andrômeda, amor sem fim
Sem início, sem começo
És pedaço de mim
Somos poeira cósmica
Manifestações elementais da consciência primordial
Não tenho bombas atômicas de aniquilamento e destruição
Tenho sim, explosões estelares de iluminação
Semear as galáxias, pitá-las com astros celestes
Andrômeda não escolhe que corpos atrai
Via Láctea só segue seu destino
Agregar sempre novas estrelas
Espalhar poeira cósmica
Crescer, crescer
Fundir, sumir...
06/02/2013
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