terça-feira, 24 de maio de 2016

Ou

Sexo ou amor
Não importa
Ambos devem ser feitos
Com quem penetra seus olhos ao lhe penetrar
Com quem sem pressa
Conhece teu corpo e ainda assim
Não se contenta com a distância entre os corpos infundíveis
Não se contenta em não poder derreter em ti

Sendo o amor quente
Ou o sexo tenro
Sofrendo as dores do esquecimento
Ou da conexão interrompida pelo excesso de sinais e transmissões
Há sempre uma pitada de pontada
Há sempre uma lágrima em meio ao gozo
No meu rosto, as chamas combustórias
No seu, o gelo esculpido
Em nosso beijo, forma-se um rio
Logo se esvai entre os poros, pela superfície
Até o mar onde tudo reside
Não é mais meu ou seu
Muito menos nosso
Agora, parte do amor universal
Estuprado ou acariciado
Veja bem qual copulação fará
Pois será feita ao universo
Não ao meu corpo
Ou ao seu
Ou aos nossos

Amor ou sexo
Com mais conteúdo
Menos forma
Mais veracidade
Menos performance
Mais intimidade
Menos manipulação
Mais troca
Menos vantagem
Mais força
Menos esconderijos
Mais corpo
Menos genitália
Mais mente
Menos mentiras
Mais verdade
Menos vaidade

Sexo ou amor
É obrigatório escolher entre um ou outro?
Não é justo que as condições sejam excludentes
Não é satisfatório não poder conciliar
Uma pitada de um no outro, delícia
Receita para satisfação
Até então
Ou sexo ou amor
Ou prazer ou dor
Polaridades infinitas que me carream por montanhas-russas de emoções
Dualidades, por que não podem se encostar?
Sol e chuva se encontram
Lua e sol miram as faces um do outro
Amor e sexo
Encontros
Jamais o fogo toca a água por muito tempo
Jamais o amor não se consome a todo tempo
Jamais matéria e etéreo coexistem...
?








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