O tempo é o mestre maior da vida... Só o tempo revela nossas ignóbeis suposições momentâneas da realidade, nossas ignorantes suposições da verdade. O tempo mostra o que o instante histérico atordoou, que na pressa da manifestação atrapalhou-se e explicou-se de forma embaralhada. De longe, de longe do tempo, o mosaico de momentos toma forma compreensível e até bela quando percebida a unicidade dos fatos. De perto, somos linhas tortuosas, que desviam sem aviso, que seguem rumos inexplicados e às vezes, somos rabiscos num vai-e-volta alucinante, sem respostas e sem silêncio, muito barulho sem palavras. O tempo molda os irregulares caminhos dos cânions secretos de sua passagem, caminhos esculpidos pelo agir, que nos levam às clareiras do ego assombrador. O amor, o amor... nem sempre pode ser compreendido. Além dos atos infames, é unicamente sentido. Sentido. E o tempo resgata amores perdidos. Mesmo que somente na nossa compreensão dos fatos, apaga as manchas emboloradas do desentendimento. Nunca se acaba, poesia escrita numa se apaga e minhas configurações estelares estão para sempre modificadas. Por um amor mais livre, livre de ego e de quereres, livre de querer entender o que não se explica, livre de necessidades ou ansiedades, livre para bater asas e voar e nunca, nunca se apagar. O tempo só deixa restar o amor...
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