As passagens da vida só mostram a inconstância das coisas, dos momentos. Aquilo que passa como uma rajada de vento, deixando folhas e cabelos alvoroçados, é apenas uma tempestade passageira, servindo apenas para derrubar as folhas secas e fortalecer os caules. Ventania que passa não me abala, não confundo vendavais com a brisa da primavera ou com o sopro gelado do inverno. A inconstância é certeza, e tudo que necessito está em mim. Tudo que é externo é incerto e não faz parte da minha vida, a não ser apenas por pequenos momentos de contribuição, riscos na tela da minha obra. Aquilo que veio e se foi, nunca esteve, e a vida me mostra isso com clareza e firmeza. Não sou muleta, sou amiga. Sou forte, mas não consigo e nem devo carregar algo mais pesado que eu mesma. Cuido, com carinho maternal, mas não sou mãe para me sacrificar por outro ser tão capaz quanto eu. Não confunda meus auxílios e cuidados com obrigação. Não confunda minha sinceridade com agressão, apesar de que o mundo anda valorizando muito mais a falsidade egoística e vaidosa onde todos somos iluminados e prontos. A senda é recoberta por pedras, alguns que já trilharam por uma passagem podem se tornar para trás e avisar "cuidado com o buraco" e alguns que a querem trilhar podem querer conhecer cada buraco. Novamente, a vida me mostra que o caminho da senda é solitário, mas que no silêncio reside algumas das maiores belezas, alguns dos mais profundos aprendizados. É no silêncio que posso contemplar a beleza da flor sem clichês, sem expectativas. É no silêncio da alma que posso enxergar a flor brotando das pedras, as gotas que escorrem por entre os grãos, o pássaro, que silenciosamente, dá um show aéreo por entre raios de sol. O que se foi nunca fez parte de mim, ou já fez e está feito. O que está ao alcance de minhas mãos, já toquei, e se não, contemplei em quietude. Agora, me resta continuar em meu caminho, aprender com cada mestre que é um indivíduo, seja ele gente, planta, pedra, bicho.
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